sexta-feira, 30 de julho de 2010

Las Niñas: mulheres que amam vinhos

Com certeza, vocês já perceberam que o Chile encantou. Não dá nem para disfarçar. Claro que foi o vinho que nos trouxe aqui, mas o Chile prova, a cada dia, que tem muito mais motivos para ser visitado.
Antes de conhecer tudo o que o Chile têm para oferecer, todos vêm pelo vinho. No caso da família francesa Dauré, não foi diferente: oito mulheres da família visitaram o Chile em 1996. Gostaram tanto do Valle de Colchágua, que acabaram comprando terras ali. Esse foi o início da vinícola Las Niñas.



Aninha e eu estávamos muito curiosas com essa vinícola diferente, que tinha foto de mulheres no outdoor. Isso não é muito comum nesses lugares e a nossa veia feminina (e feminista) começou a pulsar.


Sauvignon Blanc: predominância de aromas de ervas recém-cortadas, limão, aspargos em lata e ocasionalmente pedras.

Las Niñas, com certeza, é uma vinícola de mulheres. O toque feminino está em toda parte. Chegamos lá e vimos um ambiente com cadeiras ao ar livre, muito lindo. Vários banners explicavam os sabores predominantes dos vinhos. Ciprestes pontuavam os caminhos. Tanto detalhe assim só poderia ter o certeiro dedo feminino de unhas pintadinhas.


Syrah: framboesas, cerejas, groselha e pimenta.

Infelizmente, nossa visita não foi adiante, porque a vinícola estava fechada para tours.


Carmenére: especiarias, pimenta preta e morangos.

Experimentar o Tacón Alto (amei o nome do vinho!) vai ficar para outra visita. Mas a gente não desceu do salto: ficamos um tempinho por ali, desafiando os cachorros, fotografando o bom gosto das mulheres francesas e aprendendo um pouquinho mais de vinho, pelos banners feitos por aquelas que, também como nós, caíram totalmente de amores pelo Chile.

Viñas Las Niñas
Fone: 56 72 321 600
Apalta – Casilla 94 -Santa Cruz
Valle de Colchágua - Chile
http://www.vinalasninas.cl

terça-feira, 27 de julho de 2010

Me espera, Mistela



Na nossa ida ao Restaurante Panpan Vinovino, no Chile, conhecemos o novo projeto da arquiteta que idealizou tudo aquilo e que tem o nome que o Pisco Sour me fez esquecer e a internet não me faz recordar.



Não importa. O importante é que o Mistela nos trouxe de volta àquele lugar mágico.
A proposta do Restaurante Mistela é ser um lugar que resgata e preserva as raízes da comida colonial chilena, aquela que era consumida antes da chegada dos espanhóis.



Pinhão, milho e maiz (mandioca) estão entre os ingredientes dos pratos do cardápio.
Começamos pelo tradicional: o pisco sour. Mas o aperitivo do Mistela era um pisco diferente, feito com uma cachaça de uvas aromatizada com frutinhas delicadas. Esse é o drinque que deu nome ao lugar. É muito bom mesmo. Tim-tim!



As mesinhas, lindas e rústicas, ficam à sombra de um carvalho. Ao lado, a horta cheia de temperinhos aromáticos. Delicadeza é parte do cardápio do lugar.



Falando em cardápio, ele tem poucas opções. Está em espanhol e inglês. Li “peas”e, empolgadíssima, achei que se tratava de peras. Ai, ó, o mico. Carne de porco com peras era o que eu queria. Me joguei na opção. E você sabe que só tem um jeito do mico ficar pior, né? Todos pediram o meu prato. E todos tiveram que comer porco com purê de pinhão, afe. A carne estava gostosa, mas confesso que o purê era meio pesadinho.



Bem, o importante é que as empanadas da entrada estavam incríveis, as bebidas e a sobremesa estavam divinas. Comemos um maravilhoso pudim de forno, que lembrou muito um crème brûlée.





Já a Aninha foi super corajosa e pediu o mote com huesillos, que não recomendamos. É super tradicional do Chile: uma taça de um caldo onde foram cozidos pêssegos e grãos de trigo descascados que se bebe/come bem gelado, com o auxílio de uma colher.
Claro que você deve provar, mas não espere alguma coisa deliciosa. Posso assegurar que realmente não é.



Não é todo dia que almoçamos embaixo de um carvalho, rodeados por uma horta e onde um gato filão tenta subir na mesa toda hora. Ah, Mistela, quanta magia. Mistela, que preserva a cozinha pré- conquistadores, nos conquistou.
Ainda nessa vida, quero voltar a esse lugar. Me espera, Mistela.



Restaurante Mistela
Caminho de San Fernando a Santa Cruz
Km. 31, Cunaco
Valle de Colchagua - Chile

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Salada de frutas bordô



Antes de continuar a nossa viagem ao Valle do Colchagua, no Chile, uma paradinha para contar dos vinhos que tomamos na casa dos meus pais no final de semana.
Eles foram à Argentina e, com a nossa sugestão, trouxeram Vinhos Santa Julia, da Família Zuccardi. Os vinhos Santa Julia são os mais jovens dessa vinícola de Mendoza. Eles trouxeram uma caixa de Cabernet Sauvignon e outra de Syrah.



Depois de uma deliciosa feijoada com aqueles imperdíveis acompanhamentos que a minha mãe faz, provamos um Santa Julia Cabernet Sauvignon. A cor era viva, um bordô violáceo, e o aroma era maravilhoso, perfumadíssimo, para resumir.
Para completar, o que ficava na boca era o sabor de ameixa e especiarias.
Ainda tomamos um Leon de Tarapacá Carmenére, que tinha um bordô mais fechado e o cheirinho de cerejas negras. Foi muito bacana comparar os dois e sentir essa diferença.
Dormi bem. Tive sonhos bordôs com uvas maduras, ameixas cheirosas e cerejas negras. Uma noite light, já que tudo isso não passa de fruta, não é mesmo?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O apaixonado Dom Raul e a apaixonante Neyen

Até o dia anterior, não tínhamos ouvido falar da Viña Neyen. Ela foi indicada pelo pessoal do querido Hotel Vendimia. Nossos amigos disseram que era a melhor vinícola do Chile e, como nós havíamos esgotado o repertório das vinícolas conhecidas no primeiro dia, seguimos a indicação deles.




Seguindo, então, uma estrada de chão, chegamos ao seu final: uma linda morada em estilo espanhol. O estilo arquitetônico espanhol é muito bonito. Parece um cenário do filme do Zorro, com casas horizontais e grandes luminárias na parte externa.
Neyen foi uma experiência ímpar. Sem sinalização adequada – não achávamos a recepção – e sem muita visitação, é uma vinícola fantástica. Sua história começou com um homem “enamorado” pela casa que ali havia. Toda história que começa com um homem apaixonado começa bem. Esse homem se chama Dom Raul. Ele se encantou tanto pelo lugar, que comprou os seus vinhedos, muito antigos, que abasteciam as vinícolas do Valle do Colchágua.



A paixão dele era tanta, que acabou reformando a casa com telhas antigas, garimpadas e trazidas da região. Muitas se quebravam no caminho. Ele plantou rosas brancas ali. Trouxe a mulher que amava para viver ali. E decidiu fazer um vinho, só pra eles. Apesar de ser um empresário das telecomunicações, dono de 10 companhias do setor no Chile, Dom Raul achava que o seu legado só poderia ser o vinho.



Dos vinhedos com mais de 120 anos e de uma estrutura preocupada em cuidar da natureza, como utilizar a luz natural e a gravidade, nasce o único Neyen (espírito) de Apalta (gente boa).
O objetivo da Neyen é produzir o melhor vinho possível em cada safra e é essa a ideia que norteia a quantidade de Carmenére e Cabernet Sauvignon que vai no ano. Em 2005, o ano das uvas no Chile, por exemplo, essa safra mesclou 50/50. Cada ano, são produzidas apenas 15.000 garrafas.



Ouvimos toda a história encantados. Eu já estava com os dedinhos coçando para pegar a taça e saber qual é o gosto dessa história de amor: ela cheira a frutas vermelhas. Tem sabor de ameixa e blueberry. O melhor vinho de todas as degustações. O Neyen 2005 veio acompanhado de um chocolate suíço, feito especialmente para a vinícola. Eu, que sempre recuso doce para não alterar o sabor do vinho, fiquei surpresa ao ver o quanto o chocolate e o vinho podem se completar e um deixar o sabor do outro ainda mais evidente. Simplesmente perfeito.



A tour na Neyen nos deixou sem saída: tínhamos que levar uma garrafa. Ela custou 70 dólares e foi a mais cara que compramos na vida. Claro que não pagamos pelo vinho: levamos uma história de amor engarrafada.
Para completar, ficamos sabendo que a mulher de Dom Raul não toma vinho tinto. Mas, ele não desanimou: faz todos os anos algumas garrafas especiais de vinho rosê só para ela. Ah, o amor. Ah, o Neyen.



Neyen Espiritu de Apalta
Valle de Colchagua - Chile
56- 2 - 240 63 00
jaime@neyen.cl
http://www.neyen.cl

segunda-feira, 12 de julho de 2010

As primeiras rolhas já nos mantêm no Chile



Estamos há apenas um dia em Santa Cruz, no Valle de Colchagua, Chile, e queremos mais. Éramos os forasteiros, mas Santa Cruz e seu apalta (gente boa, em mapuche, idioma indígena do Chile) nos conquistaram. Estamos muito impressionados com a gentileza e a educação dos chilenos. Eles realmente oferecem o que têm de melhor. Somos hóspedes muito bem tratados. Foi justamente a indicação dos queridos amigos do hotel que nos levou ao Panpan Vinovino, essa gracinha de restaurante.



A fachada é muito charmosa, mas a casa antiga com a plaquinha singela não dava nem ideia do que se podia encontrar lá dentro: Panpan Vinovino fora uma padaria para trabalhadores da região e fazia pão para 1500 trabalhadores. Ele pertenceu à família de uma arquiteta que cheia de amor pelo lugar, restaurou-o e fez dele um espaço maravilhoso, cheio de histórias.



A iluminação tornava o Panpan ainda mais mágico. Você sente a energia e o calor daquele lugar e acha que está numa sucursal do paraíso. Até que a comida chega. Aí, você tem certeza. Pedimos ravióli de camarões e mariscos com espinafre. Delicioso demais!



Enquanto aguardávamos o prato principal, acabamos provando o que se tornou nossa nova mania, a pedida obrigatória, a grande obsessão: o pisco sour. A caipirinha chilena é demais. Na verdade, é uma bebida típica do Chile, feita com aguardente feito de uva e clara de ovo. Espetacular. Tanto que a cumadre e eu ficamos muito faceiras com ela.



Quando fomos ao banheiro, encontramos a proprietária do lugar, que nos mostrou sua loja tenda de quesos y aceite de oliva e também um novo restaurante que ela criara ali nos fundos, o Mistela. O Mistela será o tema de outro post, porque bem capaz que não iríamos voltar e provar.
Acho que foi o Pisco Sour, mas não consigo lembrar do nome da nossa elegante anfitriã de jeito nenhum. Mas amamos o Panpan Vinovino.



O vinho que acompanhou nosso momento mágico no Panpan Vinovino foi um Crucero Syrah. Um vinho bom, mas um pouco ácido, nem se comparava aos vinhos que prováramos ao longo do dia na Casa Lapostolle, na Viña Montes e na Viu Manent.
Amanhã, seria nosso último dia em Santa Cruz, tínhamos programado 3 vinícolas e precisávamos descansar de todo esse vinovino.

Panpan Vinovino
Camino San Fernando a Santa Cruz, km 31, Cunaco.
Valle de Colchagua, Chile.
tél: 56 (72) 858059 - 56 09 5193823
panpanvinovino@msn.com
http://www.panpanvinovino.cl/

quinta-feira, 8 de julho de 2010

É secreto, mas eu conto

No nosso segundo dia no Valle de Colchagua, que está a 150 km ao sul de Santiago, no Chile, marcamos 3 vinícolas. Depois da Casa Lapostolle e da Montes, nós, ansiosos pelos vinhos chilenos e sem tempo a perder , fomos para a Viu Manent. Estacionamos embaixo de parreiras, entre os vinhos de sobremesa.




A Viu Manent tem uma tour bem completa, que se inicia num passeio bucólico de charrete pelos vinhedos. Ali, um guia nos mostra as diferença as diferenças entre as folhas e os frutos de diferentes cepas, falando o espanhol mais difícil de compreender do dia. No entanto, foi a melhor e mais clara informação que tivemos.




Além de mostrar as folhas e frutos nos vinhedos, ainda explicou, mostrando as cepas em um painel e ainda nos serviu um vinho direto do barril, dentro do processo na fábrica.
Imperdível também foi o restaurante Viu Manent. Se você estiver no Chile e não gostar de vinho (o que acho bem difícil), mesmo assim, terá que incluir Viu Manent no seu roteiro. Que comida espetacular! Fiquei totalmente encantada com a culinária chilena! O camarão equantoriano (chileno!) é incrível. O cumpadre comentou: vai ser difícil voltar para o Brasil e comer aqueles camarões minúsculos, que deveriam vir com lupa, para serem encontrados.




A degustação também foi maravilhosa. Provamos os vinhos Secreto, que tinham uma determinada cepa e outra cepa, um ingrediente mágico, que não revelavam, bem, porque era secreto!
As lojinhas são encantadoras e ficamos um tempão lá, carregando bonés, taças com a marca, vinhos e o resto, bem, é secreto.




Viu Manent
Valle de Colchagua - Chile
info@viumanent.cl

terça-feira, 6 de julho de 2010

Vim, vi e amei Viognier



Então, na nossa visita ao Valle do Colchagua, no Chile, saímos sem comprar nada na loja da vinícola que produz o Clos Apalta, e fomos para a Viña Montes, uma produtora de vinhos muito bem conceituada do Chile. A gente, que não é bobo nem nada, marcou 3 vinícolas para aquele dia.
O guia da Montes praticamente falava português. Então, a visita foi ainda mais aproveitada. O melhor momento, com certeza, foi passear entre os vinhedos. Nesses carrinhos aí:



A vista do meio da plantação era incrível. Vimos parreirais de Carmenére, Syrah e Cabernet Sauvignon.




A vista do meio da plantação era incrível. Vimos parreirais de Carmenére, Syrah e Cabernet Sauvignon. Foi nessa visita que nos tornamos mais íntimos da Viognier, uma uva branca francesa que agora está sendo plantada no Chile. A Viognier é usada para deixar os brancos mais tintos, mais encorpados e possui um aroma incrível, bem floral, especialmente de rosas brancas e violetas. Um vinho perfeito para sobremesas, mas eu prefiro tomar acompanhado com um queijo brie e damascos, hum.




Lembramos que tomamos esse vinho em 2007, em Chateunief-du-Pape, na França. Era um domingo de manhã e provamos vários vinhos, mas o que trouxemos conosco, juntinho, foi exatamente o floral Viognier. Fiquei encantada de saber que a Viognier poderá ser mais facilmente encontrada agora.
Também adoramos o Sauvignon Blanc, um vinho branco, com toque cítrico, frutal ou floral, refrescante e seco, muito atraente. O Sauvignon Blanc Montes tem aquele aroma incrível de abacaxi e o mais importante para mim: sem o amargor que o Chardonnay deixa na boca.



Viña Montes
Parcela 15 - Millahue de Apalta
Santa Cruz
CHILE
56-72) 817815 Ext 108 - 101
Latitud : 34º 36´ 45´´ South
Longitud : 71º 16´ 30´´ West
http://www.monteswines.com
lafinca@monteswines.com

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Vinho bom é aquele que a gente gosta



Nosso hotel é um charme, confortável e o atendimento é impecável. Tomamos café e saímos para conhecer a viña número 1 do Chile: Casa Lapostolle.
Ela é revolucionária, tanto no conceito, quanto na arquitetura: fica numa casa design. A dona dessa vinícola, que ganhou o melhor vinho do mundo no ano passado, se chama Alexandra.




Já o vinho vencedor é o Clos Apalta 2005. Provamos um Clos 2008 no final da tour. Magnífico. Só que achamos que não deveríamos gastar 280 reais nele. Não trouxemos nenhum exemplar da Lapostolle. Provamos também um Merlot e um Chardonnay, que tinha cor e aroma incríveis. Um amarelo reluzente, limpo. Um cheiro de frutas tropicais, especialmente a manga. Inexperiente que sou, gostei muito mais do aroma do que do sabor. Aliás, essa história do Chardonnay começar docinho e terminar no amargor é uma coisa que não curto.



O Chardonnay deve ser para gostos mais refinados. Sou muito mais o Viognier. Ou o Sauvignon Blanc. Embora tenha nascido pro tinto que, além de ser o mais perfeito pro meu paladar, ainda previne o envelhecimento e faz um super bem pra saúde.
Mas o tinto também não agradou. O Merlot Lapostolle, apesar de ser um vinho incrível, mostrou-se encorpado demais. Com certeza, deve ser o top dos Merlots, mas como dizem que vinho bom é o que a gente gosta, acho que o Merlot dessa super vinícola não era bom...pra mim, claro.



Casa Lapostolle
Camino San Fernando a Pichilemu, Km 36
Cunaquito, Comuna Sta Cruz
Chile
(56-72) 953 300
(56-2) 426 99 66
info@lapostolle.com
www.lapostolle.com