quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Primeiras rolhas e Viña Del Mar II

Então, estávamos em Viña Del Mar, no Chile. A noite que começou num restaurante mexicano com mojitos e margaritas, acabou no Pescado Capital, entre um prato inusitado e um Pinot Noir maravilhoso!



O prato escolhido foi o Pulmay, que, segundo o cardápio, demorava cerca de 45 minutos (meeedo quando o cardápio avisa a demora, viu?). Para começar, tomamos um delicioso pisco sour. Depois disso, pedimos um legítimo Pinot Noir de Casablanca, para sentir o que frutificava naquele lindo e poético caminho até Viña Del Mar, onde a maresia refrescava delicadamente as uvas.



O vinho era leve, suave, mas tinha corpo e um sabor espetacular. Acho que essa é a principal característica do Pinot Noir: ser encorpado, mas sem perder essa leveza. Os vinhos Pinot Noir costumam ser sensuais, pálidos e perfumadamente doces.



Essa uva é originária da França, mas uma das mais difíceis de se cultivar. Se adaptou bem à Itália (eu também me adaptaria muito bem lá, aliás), Nova Zelândia, Áustria, Austrália e Chile.
As três regiões em que se planta Pinot Noir no Chile são Casablanca, onde estávamos, Vale de Santo Antonio, ao sul de Valparaiso, e o Vale de Limarí. Casablanca já é consolidada, mas, segundo a Revista Adega, o Vale de Santo Antonio tem mostrado, talvez, os mais espetaculares Pinot Noir de toda a América do Sul. O Pinot Noir é justamente o contraponto do Cabernet Sauvignon da nossa escala de cepas, aquela que prometi e ainda postarei aqui.



Os 45 minutos de espera do nosso Pulmay se transformaram em duas horas e perdemos mais ainda a noção do tempo quando acabamos o vinho e o restaurante gentilmente nos ofereceu algumas bebidinhas, enquanto aguardávamos.
O Pulmay, apesar de atrasado, chegou na hora certa e veja que combinação inusitada: frutos do mar, linguiça e frango! Posso afirmar que estava delicioso.



A estada no Pescado Capital durou mais que o esperado, mas não queríamos que essa noite terminasse. Nossas horas regadas à Pinot Noir acabaram perfeitamente na beira do mar, com a benção da maresia, que veio nos dar um beijo de boa noite bem carinhoso no rosto.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Primeiras rolhas e Viña Del Mar I

Apesar do destino ser a charmosa Viña Del Mar, estávamos tristes em deixar Santa Cruz e o Hotel Vendimia, com seu povo gentil.





Nossos atenciosos amigos nos indicaram um belo caminho: costeando o litoral. Agora, iríamos conhecer o Oceano Pacífico. Vendo aquelas águas lindas, azuis e revoltas batendo nos rochedos à beira-mar, me perguntei o porquê de ser chamado de Pacífico.



De um lado, as águas que chicoteavam as pedras, do outro, os lindos e intermináveis vinhedos de Casablanca. Ao fundo, se insinuava a Cordilheira dos Andes. Nessa noite, teríamos que provar um vinho que recebeu o beijo do mar e a benção da Cordilheira. Ah, com certeza.



Viña Del Mar é o balneário de luxo dos chilenos. Já Val-Paraíso é uma cidade portuária bastante suja. Ficamos horas até conseguir um hotel em Viña Del Mar. A nossa escolha foi unânime, o Hotel Oceanic, que fica na beira do mar, construído entre os rochedos.



Com certeza, teve a sua época de ouro, talvez em 1980, mas agora valia a pena pela localização. Abrir a janela de dar de cara com o mar não tem preço nem quarto com ar condicionado que pague.



Depois de chegar ao hotel, fomos caminhar na riviera chilena: feirinhas de artesanato com muita coisa colorida e cheia de conchinha.



Resolvemos iniciar os trabalhos da noite com um restaurante mexicano. Ali tomamos margaritas, mojitos e comemos uma deliciosa guacamole. É uma das minhas entradas favoritas. Mas a noite só estava começando. Ela continua no próximo post. ;)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A última noite no Valle de Colchagua

Para nos despedirmos do incrível lugar que é o Valle do Colchagua, no Chile, onde se localizam 30 vinícolas, das quais conhecemos 5 nesses dois dias, escolhemos o restaurante Aromas de Colchagua.



Esse restaurante fica a 3 km de Santa Cruz, onde estávamos hospedados, e tem um estilo colonial, com pratos típicos do Chile e também alguns da culinária peruana, o que é muito comum por lá.



Aliás, a localização geográfica aproxima e afasta chilenos e peruanos, como no caso da origem do nosso drinque favorito no Chile, cuja autoria é disputada por chilenos e peruanos.
O delicioso pisco sour é feito com um destilado de uvas que existe nos dois países. Uma das uvas que se pode utilizar para fazer esse aguardiente é a Moscatel. O destilado se chama pisco, que na língua dos incas significa “pássaro”. O drinque é feito com duas medidas de pisco, clara de ovo, suco de limão, açúcar e gelo picado. Sim, clara de ovo, repetiu o simpático garçom, diante da minha cara de assombro. Pisco sour teria, então, o significado de “voo do pássaro”, fazendo alusão à sensação que a bebida proporcionaria.
Tomamos nosso voo e já partimos para um legítimo Carmenére da Viu Manent, enquanto aguardávamos o ceviche e o salmão.







Serve-se como entrada típica da região alguns pães (quentinhos, macios, crocantes), manteiga e uma pasta de tomate chamada povere, que é deliciosamente simples.



O tempero e o modo de fazer das entradas dos restaurantes do Valle de Colchagua eram diferentes, notamos. Mas, em nenhum deles, comemos algum pão ruim, uma entradinha sem graça que fosse, nenhum pisco sour feito às pressas. Comemos e bebemos muito bem e fomos bem tratados de um modo geral.
Embora tenha criado a sua própria Ruta del Vino e tenha sido considerado a melhor região para vinhos em todo o mundo em 2005, no Valle de Colchagua, o turismo desenfreado ainda não chegou. Aqui você ainda pode encontrar a essência do lugar, que é bela demais.



Mais uma vez, tivemos uma refeição deliciosa. Nosso jantar estava fantástico, mas, tenho que dizer, que teve, assim, um gostinho de saudade.

Aromas de Colchagua
Camino Isla de Yáquil, Los Boldos s/n, Santa Cruz
(56-72) 821182
Chile

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Primeiras Rolhas na Casa Silva

Ainda falando da nossa viagem ao Chile, a última vinícola que visitamos lá foi a Casa Silva, no Valle de Colchagua.
Naquele dia, havíamos visitado a maravilhosa e inesquecível Neyen e encontrado a enigmática Las Niñas de portas fechadas. Agora, era partir para a Casa Silva, que fica em San Fernando, um pouco distante dali, pero no mucho. A vinícola seria a mais comercial de todo passeio. Chegamos encantados, admirando a fachada.



Para nossa decepção, o tour foi automático. Sem humor, sem descontração, sem histórias interessantes, sem paixão. Claro que estávamos vindo da Neyen, onde ficamos caidinhos pelo vinho, pela história, pelo encanto do lugar. Mas, o contraste foi absurdo.





De uma forma mecânica, a guia nos levou às instalações industriais frias, que dividiam o espaço com a coleção de carros do dono da vinícola. Pareceu uma grande ostentação sem história.



A degustação de vinhos Gran Reserva também não foi muito apreciada. O vinho que tomamos ao chegar no Valle de Colchagua , que era um Carmenére reserva, estava melhor.



A parte boa foi quando a guia ficou com a gente um pouco: tomei coragem e perguntei sobre qual seria a escala certa das cepas, da mais suave a mais forte. É uma perguntinha muito amadora, eu sei, mas realmente são minhas primeiras rolhas. Logo, logo, vou postar aqui a resposta dela, para quem também engatinha embaixo dos parreirais.



Bem, já que a própria viña não contou, pesquisei um pouquinho sobre a Casa Silva:

A história entre franceses e Colchagua é bastante antiga. A primeira adega da região foi construída por um francês, Emilio Bouchon, em 1892. Hoje, no mesmo lugar, descendentes de Bouchon administram a Casa Silva, que produz os vinhos Cabernet Sauvignon chilenos mais premiados internacionalmente.

A vinícola Estampa compete com a Casa Silva pelo título de mais antiga da região. Administrada pela família González desde o fim do século XIX, ela foi totalmente reconstruída, e possui edificações modernas para armazenar e produzir seus vinhos. Além de conhecer todo o processo de produção e degustar diferentes tintos, após o tour é possível criar a sua própria bebida, basta reservar com antecedência.


E, de preferência, não visitar a Neyen antes, não é?



Casa Silva
Hijuela Norte, Angostura, San Fernando
casasilva.cl