segunda-feira, 5 de abril de 2010

GPS perdido

Na sexta, tomamos café às 6h30min, após uma noite em quarto de fumante. Um travesseiro seria um bem ocupado item de bagagem. Após abastecer, seguimos viagem.

O GPS ganhou um apelido espanhol: Chicca. Começou a enlouquecer e repetir “recalculando, recalculando, recalculando…” Entramos em Uruguaiana para comprar outra bússola eletrônica. Em duas horas, compramos o novo GPS, fizemos e tomamos uma térmica de chimarrão e nada de baixar o software que teria Argentina e Chile. Compramos os mapas pela internet e a única coisa que deu certo foi a retirada do valor dos cartões.

Recalculamos. E a rainha destronada voltou a reinar. Chicca voltou ao posto. Graças a ela, pegamos a rota correta e fomos parar em paisagens fantasmagóricas do velho oeste, estradas no meio do nada, sem posto ou qualquer comedor (restaurante).

Às 15h, com muita fome, finalmente achamos um local: Comedor La Y. Seja lá o que significasse, parecia que teria o que se comer lá. Cara feia por fora. Pior ainda por dentro. Na esperança de encontrar algum pacote esquecido de batata frita no balcão, entramos. Três operadores de patrola almoçavam e levantaram a cabeça quando chegamos. Uma moça de short curto assistia Zorro e o Sargento Garcia.

Uma senhora veio nos receber. Nós olhávamos ansiosos para o balcão, procurando qualquer produto industrializado que pudesse matar a fome. Não tinha nada. O que conseguimos entender do espanhol rápido daquela senhora, era que ela iria nos arrumar um almoço. Disse isso, com boa vontade e sumiu para a cozinha.

O Du reparou que havia muitas garrafas de vinho expostas em prateleiras. Eu comentei que os argentinos deveriam ter uma cultura diferente mesmo: em um lugar tão simples, valorizar o vinho ao invés de um destilado mais comum como a cachaça ou até mesmo a cerveja. Eles pareciam adotar mesmo uma das bebidas produzidas e reconhecidas pela qualidade no seu país.

A ficha realmente só caiu quando saímos e passou uma moça com um shortinho menor ainda, cabelo molhado e cigarro na mão. Pois é. Verdes de fome, almoçamos numa casa da luz vermelha. E digo mais: fomos bem atendidos e a comida foi melhor que muito restaurante metido a besta por aí. Pra quem se interessou, o comedor fica em um lugar chamado Los Conquistadores. Só para fechar com chave de ouro.