segunda-feira, 2 de julho de 2012

Eu acredito em vida após a morte

Perder Verdun seria perder a guerra. Assim pensavam os franceses. E assim sabiam os alemães: ganhar a batalha ali era como acabar com o ânimo do inimigo.
O local de uma das mais longas e marcantes batalhas da Primeira Guerra Mundial fica numa linda região da França, para onde rumamos numa manhã de feriado.



De Champagne para Verdun, as paisagens são incrivelmente diferentes das que estamos habituados: são campos que parecem não terminar, com um céu que quase dá para tocar.
Passamos numa boulangerie antes de sair de Epernay e fomos surpreendidos pela delicadeza da dona do lugar, uma francesa de meia idade, que conhecia todos ali, falava alto e se desculpou por não ter café para nos servir. Ela nos deu balinhas tic tac, para compensar.


Entramos no carro e, entre mordidas no quiche lorraine, típico da região por onde estávamos passando, fizemos um chimarrão e aproveitamos a nossa manhã tranquila de feriadinho. As rodovias, em muitas regiões da França e da Itália, levam os turistas para dentro das cidadezinhas e a gente se sente até em outro tempo, vendo os mercados públicos e as feiras de flores. Existe muita delicadeza ali.
Fomos tocados também pelos muitos monumentos em homenagem aos bravos soldados da Primeira Guerra. Em cada pequena cidade, uma homenagem.



O Memorial de Verdun é um museu da batalha, um lugar para não se esquecer o horror da guerra. Assim, como o Ossário de Douaumont, onde, além das cruzes afixadas e dos ossos de tantos que morreram lutando, é impossível não se emocionar com a galeria de fotos dos sobreviventes da guerra. Eles seguram seus retratos de quando eram jovens e fazem relação com o momento atual, como um veterano repetindo a pose da foto antiga. Ou outro soldado sobrevivente brincando com uma roda quando criança e numa cadeira de rodas depois da guerra.


No Forte de Douaumont foi que percebemos que a França não perdeu Verdun. Perdeu milhares de soldados, sim, assim como a Alemanha. Mas, ganhou a batalha e mais esperança.
E hoje ali, onde tantos morreram, já nascem flores.



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