Na sexta, tomamos café às 6h30min, após uma noite em quarto de fumante. Um travesseiro seria um bem ocupado item de bagagem. Após abastecer, seguimos viagem.
O GPS ganhou um apelido espanhol: Chicca. Começou a enlouquecer e repetir “recalculando, recalculando, recalculando…” Entramos em Uruguaiana para comprar outra bússola eletrônica. Em duas horas, compramos o novo GPS, fizemos e tomamos uma térmica de chimarrão e nada de baixar o software que teria Argentina e Chile. Compramos os mapas pela internet e a única coisa que deu certo foi a retirada do valor dos cartões.
Recalculamos. E a rainha destronada voltou a reinar. Chicca voltou ao posto. Graças a ela, pegamos a rota correta e fomos parar em paisagens fantasmagóricas do velho oeste, estradas no meio do nada, sem posto ou qualquer comedor (restaurante).
Às 15h, com muita fome, finalmente achamos um local: Comedor La Y. Seja lá o que significasse, parecia que teria o que se comer lá. Cara feia por fora. Pior ainda por dentro. Na esperança de encontrar algum pacote esquecido de batata frita no balcão, entramos. Três operadores de patrola almoçavam e levantaram a cabeça quando chegamos. Uma moça de short curto assistia Zorro e o Sargento Garcia.
Uma senhora veio nos receber. Nós olhávamos ansiosos para o balcão, procurando qualquer produto industrializado que pudesse matar a fome. Não tinha nada. O que conseguimos entender do espanhol rápido daquela senhora, era que ela iria nos arrumar um almoço. Disse isso, com boa vontade e sumiu para a cozinha.
O Du reparou que havia muitas garrafas de vinho expostas em prateleiras. Eu comentei que os argentinos deveriam ter uma cultura diferente mesmo: em um lugar tão simples, valorizar o vinho ao invés de um destilado mais comum como a cachaça ou até mesmo a cerveja. Eles pareciam adotar mesmo uma das bebidas produzidas e reconhecidas pela qualidade no seu país.
A ficha realmente só caiu quando saímos e passou uma moça com um shortinho menor ainda, cabelo molhado e cigarro na mão. Pois é. Verdes de fome, almoçamos numa casa da luz vermelha. E digo mais: fomos bem atendidos e a comida foi melhor que muito restaurante metido a besta por aí. Pra quem se interessou, o comedor fica em um lugar chamado Los Conquistadores. Só para fechar com chave de ouro.